É ainda New York City

 

de Wolfgang Hock

Desde minha exposição em 1988 na cidade de Nova Iorque, a fascinação foi tão grande que quase magicamente, sempre que pude voltei lá: Tantas imagens interessantes para mim! Eu tinha que de alguma forma mantê-las. Eu sempre tentei tanto quanto foi possível alcançar tudo andando a pé. Apesar de toda pressa e desconforto, é uma mega-cidade absolutamente fascinante.

Ao longo do tempo acumularam-se tantas fotografias, principalmente slides, que se encheu muitas caixas em casa e amontoaram até o teto. Para todos os lugares elas foram juntas, nunca pensei em fazer uma seleção nas minhas mudanças para o Brasil, dentro do Brasil e de volta para a Alemanha, porque eu vi nelas algo como um pequeno tesouro de tempos passados.

Mas este tesouro ficou cada vez mais velho e amarelado, empoeirado e as cores alteradas cada vez mais, especialmente por causa do ar úmido e do salitre em Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba e Fortaleza, até a dissolução final.

Por muito tempo niguém mais as queria ver: Chegou a época digital e o slide se tornou antiquado. Quem tem hoje um projetor de slides e uma tela de deslizar, quem ainda têm a paciência de ver fotografias em quartos escuros e aparelhos zoando ? Ainda fotografias onde você pode literalmente ver o passado tanto pelos motivos como pela reprodução analógica da imagem amarelada, empoeirada e arranhada.

Esta época passou !

De volta do Brasil, quando novamente comecei a trabalhar no meu novo estúdio na Alemanha e vi as montanhas de caixas de slide - todas carinhosamente transportadas no Container sobre o Oceano Atlântico pela segunda vez -, eu tive a idéia, como muitas no tempo de hoje, de digitalizar meus slides para protegê-los pelo menos da deterioração final.

No começo eu pensei apenas em arquivar e armazenar no computador, ou seja conservar para o futuro e evitando a perda total. Que ato demorado e princpalmente chato ! E ainda tudo foi totalmente modificado, ou seja, meu aparelho de digitalização (de qualidade extra) não sabia lidar com as cores e tonalidades dos meus slides. Arquivamento fácil por clique de mouse, que nada !

Então o pós-processamento com photoshop ficou importante. Mas aqui também notei que era impossível restaurar o estado original. Por um lado, os slides foram alterados tanto pelo tempo que isso já não era mais possível, por outro lado a digitalização modifica os slides por causa da transformação em pixels.

A aparência original dos slides ficou cada vez mais impossível, a menos que você se contente com meia solução e se obrigue a ver os slides antigos dentro das digitalizações tentando lembrar a antiga aparência. Alguém pode eventualmente conseguir isto lembrando muito bem, mas o que os que não viram o nosso tempo da fotografia analógica. Como posso  explicar isso ao meu filho?

Por isso eu cheguei à uma idéia muito diferente:

A criação de uma nova realidade de imagem, uma mistura de realidade de imagem analógica e digital, conscientemente deixando ambos os lados visívelmente equivalentes.

Uma descoberta novamente fascinante, esta mistura, desenvolvendo uma técnica mista fotográfica.

Isso é exatamente o que eu amo:  A mixagem do passado com o presente, reunir culturas etc. Que me cabe em todos os sentidos.

Eu odeio a «raça pura», o dividido burocrático, o estatisticamente apreensível, o juridicamente pré-definido!

Dessa forma eu posso fazer fotografia de fato, sem me tornar escravo da "ilusão digital de alta resolução" hoje geralmente acostumado (quanto mais pixels, mais resolução, mais 3D, melhor... mais real ...) o que já descrevi também em outros locais ("O poder da imagem").

Novamente absolutamente fascinante para mim, onde poeira e arranhões fazem parte !

 

 

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